RELATAR-SE #4 - MARIANA:

abril 27, 2016

Eu nunca sei como começar histórias, então vamos lá.

Artist: Agnes Toth


 Meu nome é Mariana Monção, mas eu prefiro que me chame de Mari. Eu e meus pais somos os únicos da família da minha mãe que moram em Botucatu. O resto da família, incluindo meus primos que têm a minha idade, moram em uma cidade ao lado, que é perto, mas não é o mesmo que na mesma cidade.
 Eu era o tipo clássico de filha única: fofa, mimada pelos pais e pelos avós paternos, faz uma birrinha ou outra pra conseguir o que quer, chatinha, com poucos amigos e sozinha. E meu sonho sempre foi ter um irmão ou uma irmã, pra me fazer companhia, brincar e aprender comigo.
 Meus pais também sonhavam com mais filhos, tentaram ter mais filhos várias vezes e através de vários métodos, com ajudas médicas, hormônios, coisas desse tipo, mas minha mãe já tinha seus 40 e poucos anos, o que atrapalhava o processo.
 Um dia bateu uma luz nos meus pais: vamos adotar uma criança! Eu achei o máximo, óbvio. E fomos pra fila de adoção. O que a gente queria? Um menino, de no máximo dois anos. E ficamos na fila. Minha mãe ia praticamente todo dia no fórum conferir se tinha aparecido alguém, mas sempre voltava com a mesma notícia do dia anterior. Ela sempre se deparava com crianças em vários irmãos, mais velhos, crianças que você sabe que provavelmente ficarão o resto da vida esperando pra ter uma família.
 Um dia meu pai chegou pra mim e perguntou o que eu acharia de ganhar DOIS irmãos. Quase surtei de felicidade e lembro até hoje (na época eu tinha 10 ou 11 anos) da minha resposta: tanto faz! eu quero um irmão, se vierem dois melhor ainda! E atualizamos nossa lista pra: duas crianças, em torno de dois anos. Começamos a afrouxar.
 Depois de cerca de um ano e dois meses na espera, meu pai voltou com outra pergunta: e se seu irmão fosse mais escuro? Eu ri da cara dele e falei: o que que muda? Até hoje ele chora quando lembra disso, e olha que meu pai nunca chora. Mas essa pergunta não veio à toa, eles já tinham encontrado duas crianças que se encaixavam no que a gente "procurava". Um menino, 2 anos e pouquinho e sua irmã, 4 anos e meio. Eles já tinham as fotos deles.
 Perto de dezembro de 2008 eles me mostraram essas fotos e perguntaram o que eu acharia de eles serem meus irmãos. Aceitei na hora. Dia 30 de novembro a gente pegava um vôo para Recife, pra buscar as crianças.
 Foi engraçado embarcar com três passagens e já ter cinco pra volta. No dia 1 dezembro fomos visitar o lar que eles moravam, conhecemos eles e, juro, foi instantâneo o amor. É meio estranho até de se pensar isso. Minha irmã me levava pra beber água e dizia para as tias irem conhecer a família dela. Foi lindo.
 No dia seguinte eles já foram pro hotel com a gente, passeamos pelas praias, compramos roupas e brinquedos e voltamos do Nordeste com um bronzeado e mais dois amores, que me dão vontade e animo de viver.
 Acho lindo ver a relação deles comigo: eu sou um exemplo, tudo o que eu faço eles querem fazer, tentam sempre me apoiar, e mesmo quando brigamos, o amor nunca se abalou.
 Essas duas crianças viraram minha vida de cabeça pra baixo, e vou ser sincera: eu prefiro assim!

 Essa foi a minha história, espero que você tenha gostado! Haahah Abraço e um beijinho no core.

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