Fui de ônibus pro Ceará, fiquei dois dias na estrada, tomando banho gelado nas paradas que o ônibus fazia e vendo mil cena diferente no caminho,por exemplo a falta de água em Governador Valadares que virou barro por conta daquelas fita que aconteceu em Mariana e como isso afetou os habitantes daquele lugar todo.

    Depois de 49 horas na estrada, cheguei na casa dos meus avós, que moram a seis fucking horas de Fortaleza, no meio de vários nada, cidade pequena e pra quem mora na Grande São Paulo, era quase um inferno. 

    Fiquei uma semana e alguns dias visitando familiares em um lugar tão longe que não tinha sinal, nem poste de luz, nem asfalto, quase não tinha gente naquele lugar, fiquei por lá comendo carne de veado e tatu (????) brincando com bebê bodes e procurando uns lagartos que tem por lá porque eu não tinha o que fazer (sério).

    Sem contar que eu passava metade dos meus dias brincando com os cachorros abandonados na rua, chutando sapo e chorando porque atrás da casa da minha vó tem uma parte cheia de mato que matam carneiros por lá, cenas lamentáveis, 

    Meu natal passei com pessoas desconhecidas que olhavam pra minha cara com olhar crítico, encarando meu cabelo e minha roupa folgada, no ano novo passei em um show extremamente avulso que tinha na cidade, com uma banda que se chama Conde do Forró, fiquei duas horas no show, tomando whiskey  horrível misturado com água da chuva. Cai fora do show e fui pra rodoviária comer pastel, fiquei até as 3 da manhã conversando com uns bêbados, tomando coca-cola quente e brincando com um gato que não tinha o olho esquerdo.

    Falando em gatos, quando voltei pra casa, tinha um gato envenenado debaixo da minha cama nos seus últimos minutos de vida desesperado olhando pra minha cara e eu sei poder fazer nada, só queria avisar que, não foi eu que matei o coitado ele entrou no meu quarto de repente e só percebi a presença dele por conta do cheiro horrível de sangue, veneno e tristeza. 

    Dia 2, peguei outro ônibus, dessa vez pra Pernambuco, chegando lá, a gente teve que pegar mais um ônibus pra ir pra Alagoas,eu cansada e com fome, só pensava em comer um xburguer, mas a única coisa que tinha pra comer era um lanche de presunto e queijo passado que eu comprei em algum lugar de Pernambuco. 

    Cheguei em Alagoas achando que tinha perdido meu celular, fiquei três dias incomunicável até perceber que ele tava no fundo da minha mala e eu tinha colocado lá sem perceber

  Sem contar essa parte de ter sumido com meu celular, o resto da viagem em Maceió foi daora até, fui pra lá mais pra ver minha bisavó que já tem seus 90 e tantos anos. Também fiquei dias na praia tentando pegar uma cor, mas foram horas debaixo do sol em vão. WHITE PEOPLE PROBLEMS.

      ANYWAY.

   Aprendi nessa viagem que, não consigo amar outro lugar que não seja São Paulo, gosto do caos daqui, da bagunça, dos meus amigos, familiares, não pretendo sair daqui nunca.

   Também eu to dando mais valor as coisas que eu tenho, que, mesmo sendo poucas, são minhas, e eu sei que muita gente por aí vive com bem pouco mas vivem felizes.

    Essa viagem, mesmo sendo toda louca, me fez pensar em muita coisa, me fez ter respostas daquilo que eu tinha dúvida, me fez abrir o olho pra muita coisa.